Educação básica e superior: alguns temas relevantes

08/06/2015 16:03

Educação básica e superior: alguns temas relevantes

Em Artigos

Por prof. Paulo Cardim

“Ensinar exige rigorosidade metódica” (Paulo Freire)

“Avaliar também” (Paulo Cardim)

No último dia 2, a diretoria do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (Crub), em audiência com o ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, realçou alguns temas que constam de propostas do Crub para a melhoria da educação básica, as diretrizes para regulação dos cursos de pós-graduação lato sensu e a revisão do sistema de avaliação da educação superior, centrado no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade).

O ministro Janine Ribeiro reconheceu que esse sistema necessita de revisões periódicas, porque “a avaliação é um processo que precisa ser mudado constantemente; quando você tem a mesma avaliação por um tempo as pessoas começam a trabalhar apenas sobre a métrica da avaliação”.

Por diversas vezes declaramos, como reitor do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo e como presidente da Associação de Centros Universitários (Anaceu), apoio integral ao Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), instituído pela Lei nº 10.861, de 2004. Não apoiamos, contudo, as distorções ocorridas posteriormente, como considerar o Enade como o principal instrumento de avaliação de qualidade de cursos e instituições superiores, por meio do Conceito Preliminar de Curso (CPC) e do Índice Geral de Cursos (IGC). É importante que o ministro da Educação dedique uma parte de seu tempo para avaliar, com sua equipe, esses indicadores marginais ao Sinaes, para que a sociedade, o mundo acadêmico e o MEC não comecem a trabalhar apenas sobre essa métrica da avaliação.

A proposta de alteração das normas que regem a pós-graduação lato sensu, a Resolução CNE/CEs nº 1/2007, é outra questão em que o Crub investe a sua atuação. Essa proposta tramita na Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação, com dispositivos que inviabilizam a oferta desses cursos, em particular, os destinados à especialização para o mercado de trabalho. Tendo, na sua origem, o objetivo de especializar professores para atuarem na graduação, nas décadas de 50 e 60 do século passado, quando os programas de mestrado e doutorado iniciavam a sua trajetória, esses cursos, já neste século, passaram a ser o ambiente mais ágil para especializar profissionais para os diversos segmentos no mundo do trabalho. A regulamentação que tram ita no CNE confunde esses objetivos, atrelando a especialização profissional com a especialização docente.

A melhoria da educação básica, outro tema caro ao Crub e às universidades e centros universitários associados, foi objeto desse encontro. As condições atuais em que a educação básica pública está sendo desenvolvida, com raras exceções, está conduzindo milhões de crianças e jovens para caminhos que inviabilizam uma trajetória de sucesso pessoal e profissional. O acesso ao ensino superior, aspiração maior da quase totalidade desses jovens, está sendo cada vez mais difícil, em especial, com o uso da nota de corte – 450 – no Exame Nacional do Ensino Médio. O Enem tem demonstrado à saciedade as fragilidades da educação básica, que reclamam urgente atenção dos poderes públicos. Especialmente do MEC, órgão encarregado d a colaboração e articulação com os sistemas de ensino do Distrito Federal, dos estados e dos municípios para a viabilização das metas e diretrizes do Plano Nacional de Educação (PNE) – 2014/2023.

Esperamos que o encontro entre o Crub e o ministro da Educação possa render frutos positivos para reverter os cenários sombrios que ameaçam a educação básica e, por consequência, a educação superior em nosso país. Ao lado do Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular, do qual faz parte a Associação Nacional de Centros Universitários (Anaceu), o Crub está fortalecendo essa luta que é de todos – a melhoria de qualidade na educação básica e na educação superior.

“É mais fácil governar um povo culto, cioso de suas prerrogativas e direitos, que tem nítida a compreensão de seus deveres, que um povo ignaro, indócil, sem iniciativa e inimigo do progresso”.

“O papel da instrução é preparar e formar homens capazes e úteis à sociedade; o papel do governo é fornecer meios fáceis de se adquirir a instrução, disseminando escolas e patrocinando iniciativas boas confiadas à competência e ao amor por tão nobilitante tarefa”.

Prof. Carlos Alberto Gomes Cardim

Diretor da Escola Normal “Caetano de Campos”

Educador e Inspetor de Alunos, 1909

Fonte: belasartes.br/diretodareitoria

 

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